Adolescentes e o Pilates
Ao criar seu método, Joseph Pilates objetivava um trabalho de condicionamento muscular esquelético (força, flexibilidade e resistência), estabilidade do centro do corpo (enfatizando a cintura pélvica e escapular), o alinhamento corporal e a respiração, atendendo todas as idades. Pense agora no atual perfil dos jovens: crescimento acelerado que ocasiona dores; desajustes posturais ocasionados por motivos diversos (mochila pesada, má postura ao se sentarem no colégio, em frente ao computador e à tv, horas de sono insuficientes ou excessivas); e ocasional sedentarismo, que contribui para o encurtamento muscular, (que também pode estar ligado ao rápido crescimento). Vale lembrar que grande parte das alterações posturais, em especial aquelas relacionadas com a coluna vertebral, têm sua origem na infância e adolescência, fase de crescimento e desenvolvimento corporal.
Nessa situação, fica claro que praticar Pilates na adolescência pode ser uma ótima ideia, pois ele trata de estímulos que adaptam de uma forma ativa o corpo a uma boa postura. Os profissionais de saúde têm indicado a modalidade, mas atualmente estamos sendo surpreendidos com jovens bem informados. A maior parte deles já procura os espaços de prática sabendo dos benefícios que ela proporcionará e escolhendo a modalidade sem influência dos pais. Por outro lado, acreditamos que a divulgação por parte de artistas e celebridades possa também ter alguma influência nessa escolha.
O adolescente, encontrando um profissional que realiza um trabalho sério, fazendo com que o praticante sinta-se à vontade em suas aulas, mantém sua frequência e, com o passar de cada aula, sente as diferenças e benefícios do método. Nessas condições, acaba escolhendo o Pilates como a sua atividade física principal, mesmo tendo históricos desanimadores em outras modalidades, tais como esportes coletivos, por exemplo. Como benefício adicional, o aluno aperfeiçoa sua coordenação motora, se a mesma não foi bem trabalhada em sua infância, e consegue melhorar sua concentração e a consciência corporal, que são afetadas nesta fase de turbilhão de hormônios. Mas também existem adolescentes que encontram no pilates a oportunidade de aperfeiçoar sua técnica como alunas bailarinas, nadadores, ciclistas,... ou recuperando-se de lesões.
Outro aspecto que vivenciamos ao acompanhar o trabalho com o adolescente é a melhora na auto-estima, pois as práticas possibilitam que o jovem sinta um domínio maior sobre seu corpo, vivencie melhoras físicas e, psicologicamente, permite maior afirmação perante o meio social. Ele gosta das transformações e isso pode revolucionar positivamente a fase que está vivendo, incorporando confiança à sua rotina. E como o trabalho é individual, um bom relacionamento entre instrutor e cliente resulta num treino específico com o devido estímulo e desafios além da avaliação periódica, pois a evolução ocorre de maneira muito rápida. É importante que o instrutor esteja ciente do seu papel e dos procedimentos que devem ser seguidos para o bom andamento do trabalho, um bate papo com o aluno é interessante para conhecer os gostos do aluno, entendermos suas preferências, inclusive sobre os aparelhos, acessórios e exercícios, e tentar proporcionar um ambiente agradável, que os deixe confortáveis.
Numa pesquisa pela internet, não encontramos dados sobre projetos que utilizam Pilates em colégios no Brasil, mas nos EUA, por exemplo, encontramos projetos orientados à superação do sedentarismo e à educação postural, como uma disciplina curricular adicional. Um dos projetos, chamado Adolescentes Ativos, é realizado na Sierra Middle School (rede de colégios localizados em vários estados), e usa o Pilates como uma ferramenta que estimula a prática junto com uma alimentação saudável, de maneira que o adolescente seja um propagador de hábitos saudáveis em casa e entre os amigos.
Por Geruza Gurak
Fisioterapeuta
Texto Retirado da Revista Pilates
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